Dúvidas sobre a introdução alimentar de bebês vegetarianos? É hora de esclarecer!

Por conta de valores e motivos diversos, cada vez mais famílias optam por uma alimentação sem carne e/ou ovos e derivados e desejam transmiti-la às crianças. Mas quais cuidados devem ser tomados na introdução alimentar de bebês vegetarianos?

Desde que planejada de forma adequada, a dieta vegetariana é capaz de fornecer os nutrientes necessários e promover benefícios à saúde das crianças.

No entanto, é fundamental que as mamães e papais tirem suas dúvidas em relação à ingestão de nutrientes para se sentirem seguros durante a fase de introdução alimentar.

Com base no guia “Alimentação para bebês e crianças vegetarianas até 2 anos de idade” da Sociedade Vegetariana Brasileira e com a ajuda da nossa equipe de nutricionistas, reunimos as principais informações e orientações para compartilhar com você.

Aproveite a leitura!

Qual a diferença entre a introdução alimentar de bebês vegetarianos e não vegetarianos?

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, a introdução alimentar de bebês vegetarianos — estritos (que não comem ovos e laticínios) e não estritos — e não vegetarianos é basicamente a mesma.

A única diferença é em relação à proporção de determinados alimentos, visando compensar a quantidade de nutrientes que estariam presentes nos produtos de origem animal e que não fazem parte da dieta das famílias.

Ainda, saiba que a introdução alimentar de bebês vegetarianos, quando feita de forma adequada, é segura e atende a todas as necessidades para o pleno desenvolvimento dos pequenos.

Mitos comumente relacionados à introdução alimentar de bebês vegetarianos

Apesar de ser saudável, a alimentação vegetariana costuma estar associada a concepções equivocadas, como as que vamos apresentar a seguir:

Dieta vegetariana é pobre em proteínas

Se o seu filho recebe leite materno ou fórmula e uma alimentação complementar equilibrada, você não precisa se preocupar com a ingestão de proteínas.

Além de estarem presentes em diversos alimentos de origem vegetal, as proteínas também são fornecidas por meio do leite materno.

O guia alimentar da Sociedade Vegetariana Brasileira mostra que a ideia de que a alimentação vegetariana é pobre em aminoácidos (partículas que compõem as proteínas) é falsa. Isso porque ela fornece os aminoácidos essenciais, inclusive em valores acima do recomendado. 

Bebês vegetarianos ingerem carboidratos em excesso

Existe uma concepção de que as crianças vegetarianas ingerem uma quantidade maior de carboidratos que as crianças onívoras — ou seja, aquelas que se alimentam de matérias vegetais e animais.

Apesar de ser visto como algo negativo, saiba que não é. 

Isso porque, sobretudo entre os 6 meses e 1 ano de idade, os bebês precisam de um bom aporte energético para dar conta do desenvolvimento acelerado.

Alimentação vegetariana oferece risco para deficiência de micronutrientes

A prevalência de anemia é a mesma para crianças vegetarianas e onívoras. Isso mostra que a alimentação vegetariana não apresenta deficiência de ferro.

Complementando o leite materno, uma dieta de alimentos sólidos de origem vegetal, variada e equilibrada é capaz de garantir a quantidade de ferro que as crianças precisam para crescerem saudáveis. 

Para potencializar a absorção de ferro, uma dica é oferecer uma fruta após as principais refeições das crianças maiores de 1 ano.

Da mesma forma, a alimentação vegetariana também atende às quantidades nutricionais necessárias de zinco, por meio do consumo diário de leguminosas; e de retinol, presente em alimentos “alaranjados” e verde-escuros. 

Consumir ovo é uma necessidade

Assim como as carnes, o consumo de ovo não é uma necessidade no cardápio dos bebês. Ou seja, é opcional. Se não for consumido, não causa nenhuma deficiência alimentar.

Porém, saiba que a restrição do ovo na introdução alimentar com o intuito de evitar alergias alimentares é uma medida equivocada.

Ainda que a alergia ao ovo esteja entre as mais comuns na infância, o entendimento hoje é de que o consumo de ovo e de outros alimentos alergênicos, na verdade, diminuem as chances de as crianças desenvolverem alergias.

5 cuidados no planejamento da alimentação do bebê vegetariano

Confira algumas dicas valiosas que podem te ajudar a montar um cardápio balanceado e saudável para o seu filho:

1. Aumentar a porção de leguminosas e adequar a de cereais

Como as carnes, ovos e derivados não fazem parte do cardápio dos bebês vegetarianos, é importante oferecer uma porção maior de leguminosas e de cereais para atingir a recomendação nutricional.

Para que o seu filho consuma todos os grupos alimentares de forma equilibrada, a recomendação é montar o pratinho com:

  • ⅓ de legumes e verduras;
  • ⅓ de leguminosas (feijões, lentinha, ervilha, grão-de-bico, etc);
  • e ⅓ de cereais, raízes e grãos (arroz, batatas, milho, mandioca, quinoa, inhame, cará, etc).

Assim como na dieta onívora, as leguminosas e cereais devem estar presentes em todas as principais refeições (almoço e jantar) dos pequenos.

2. Ter atenção com o consumo de derivados de soja

A soja é outro alérgeno que costuma entrar para a lista de alimentos que mais causam alergias alimentares. Mas, como já foi dito sobre o ovo, a ingestão de soja pelos bebês não aumenta o risco de alergia.

O problema em relação ao consumo de soja e derivados é que os grãos in natura não costumam fazer parte da cultura alimentar da maioria das famílias. Ela geralmente aparece em suas versões industrializadas.

Uma delas é a proteína texturizada de soja (PTS). Além de ser um produto industrializado, pode conter corante, um componente não adequado para a alimentação infantil.

Por conta do alto teor de sódio, produtos como shoyu e missô devem ser evitados. Vale pontuar que, de acordo com o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, o sal não deve ser usado no preparo das refeições de bebês de até 1 ano.  

Outro produto é o leite de soja. Seja na versão caseira ou industrializada, jamais deve ser oferecido como substituto da amamentação.

3. Oferecer cogumelos de procedência confiável

Os cogumelos costumam ser consumidos pelas famílias vegetarianas e podem ser oferecidos aos bebês durante a introdução alimentar. 

Só que é preciso ter cuidado com a procedência para diminuir o risco de contaminação. 

Além disso, devem ser oferecidos sempre cozidos e com uma consistência adequada para cada idade.

Embora sejam boas fontes de nutrientes, saiba que os cogumelos não devem ser considerados substitutos da proteína de origem animal. Isso porque eles possuem baixas quantidades de proteína quando comparados a outros alimentos, como as leguminosas.

4. Suplementar a vitamina B12

De acordo com os hábitos e escolhas alimentares dos pais, os bebês podem acabar recebendo maiores ou menores quantidades de determinados nutrientes. Entretanto, os cuidados relacionados à suplementação de crianças vegetarianas são os mesmos aos de crianças onívoras.

O único nutriente que costuma gerar mais preocupação é a vitamina B12, sobretudo nas dietas vegetarianas estritas, já que as fontes mais seguras são os ovos, carnes e laticínios.

Independentemente de a dieta da criança incluir ou não ovos e/ou laticínios, a Sociedade Vegetariana Brasileira defende a suplementação de B12.

De qualquer forma, a prescrição de suplementos ou de alimentos fortificados deve ser sempre feita por um médico ou nutricionista mediante avaliação.

5. Buscar orientação nutricional

Mostramos aqui que a introdução alimentar adequada de bebês vegetarianos garante todos os nutrientes necessários. Sendo assim, essas crianças não precisam passar por consultas médicas com maior frequência do que as onívoras.

Mas o acompanhamento feito por um nutricionista é indicado para todas, independentemente do tipo de dieta escolhida pelas famílias.

Confira uma sugestão de cardápio para bebês vegetarianos

Segunda-feira

  • Almoço: tofu mexido, cenoura com orégano, espinafre, arroz integral e feijão-carioca
  • Jantar: quinoa com legumes, chicória refogada e feijão-vermelho

Terça-feira

  • Almoço: bolinho de quinoa, abobrinha refogada com tomate, mostarda refogada, arroz branco e lentilha
  • Jantar: quibe de abóbora, vagem francesa, acelga refogada, batata baroa com cebolinha e aipo e feijão-preto

Quarta-feira

  • Almoço: purê de banana-da-terra, couve refogada, abóbora assada com azeite e alecrim, arroz branco e feijão-fradinho
  • Jantar: estrogonofe de grão-de-bico, seletinha de legumes e arroz integral

Quinta-feira

  • Almoço: bolinho de grão-de-bico, beterraba, taioba, arroz-cateto e feijão-mulatinho
  • Jantar: couve-flor, ratatouille, cevadinha e feijão-azuki

Sexta-feira

  • Almoço: quibe de painço, brócolis, mix de pimentões, almeirão refogado e hommus de beterraba
  • Jantar: souflé de legumes, mostarda refogada, arroz-vermelho e feijão-branco

Sábado

  • Almoço: hamburguinho de lentilha-vermelha, chuchu com orégano, rabanete assado, milho cozido refogado, arroz integral e feijão-manteiga
  • Jantar: risotinho de legumes, agrião refogado e lentilha

Domingo

  • Almoço: ervilha e macarrão refogado com cenoura, vagem, rúcula e tomate
  • Jantar: falafel, repolho branco e roxo refogados, bertalha refogada, batata-doce laranja e feijão-rajado

Quer se aprofundar no tema da introdução alimentar? Então baixe gratuitamente o Guia Mima de Introdução Alimentar!

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